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Tecnologia: O que é IoT e como ela impacta nossas vidas? Por Gustavo Marques Mostaço

A Internet das Coisas ou IoT (do inglês Internet of Things) é uma evolução tecnológica com o objetivo de conectar dispositivos incorporados com eletrônica e software, utilizados no dia-a-dia (também chamados de coisas) à internet, de modo que elas possam interagir entre si e com outras coisas como: Computadores, Smartphones, Tablets entre outros.

IoT é considerada uma das maiores tendências do setor de Tecnologia da Informação a se espalhar por todos os setores da economia mundial

O termo IoT foi criado em 1999 por Kevin Ashton, pesquisador britânico que se tornou um empreendedor de alta tecnologia com várias startups criadas a partir de seus estudos nos laboratórios de Engenharia de Computação do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts).

Como hoje a internet está presente em praticamente todos os lugares, ela é o meio mais eficiente para a transmissão e coleta de dados. A cada dia, mais objetos, dos mais simples, como roupas e acessórios, aos mais complexos, como automóveis e eletrodomésticos, estão conectados.

O objetivo é promover a comunicação entre estes objetos comuns (e outros nem tanto), de forma que troquem informações, sejam capazes de analisa-las e façam escolhas inteligentes ou nos alertem de algo. Desta forma facilitam nossas atividades diárias, tornando-as mais práticas e eficazes, sempre tendo como objetivo tornar nossas vidas melhores. Esses objetos se tornarão cada vez mais extensões do nosso corpo e da nossa mente. Vejamos alguns exemplos:

A partir do momento que seu carro esteja conectado e faça parte da IoT, antes de uma viagem, ele pode informar quais itens precisam ser revisados, como freios, faróis, calibração dos pneus. Ele também poderá informar o momento certo para a troca do óleo, indicar quando uma peça do motor está com defeito, reportar diretamente para a montadora a necessidade da troca e se o carro ainda se encontra em garantia ou não.

 

Microchips colocados sob a pele, ou até mesmo pulseiras inteligentes serão responsáveis por coletar e armazenar seus dados de saúde, como temperatura, batimentos cardíacos, nível de glicose, colesterol, peso e repassar todos esses dados ao seu médico em uma consulta ou realizar um alerta ao sistema de emergência, juntamente com a sua localização, em tempo real, caso seja necessário. Assim, não serão mais necessárias fichas de cadastro ou de saúde e o tempo de detecção e resposta em caso de incidentes será minimizado.

 

A tecnologia aplicada ao desenvolvimento agrícola é uma das áreas mais promissoras do mercado graças aos avanços da IoT. Podemos citar os sensores de umidade e temperatura ligados a um sistema de controle que é capaz de acionar a irrigação somente quando necessário, fazendo um uso mais sustentável e eficiente da água; O monitoramento de rebanhos em tempo real com auxílio de GPS e o uso de sensores no controle da saúde animal e conforto térmico em ambientes de criação; O monitoramento e até mesmo direção automática de grandes máquinas como colheitadeiras e plantadeiras nas extensas plantações. Desta forma, a IoT tem como promessa tornar o agronegócio mais eficiente, produtivo e sustentável.

As chamadas Cidades Inteligentes (Smart Cities), vertente na qual torna-se possível o desenvolvimento de sistemas de transporte inteligentes e integrados, eg. ônibus que atualizam sua localização em tempo real para os passageiros, e veículos integrados sendo possível monitorar e controlar efetivamente as melhores rotas de tráfego. Será possível dar maior eficiência ao controle de resíduos, pois os caminhões de lixo podem ser alertados sobre os locais onde existe lixo que precisa ser coletado. Podemos citar o uso racional e sustentável da energia elétrica, com o uso de sistemas de iluminação pública de intensidade controlável, além de sistemas de câmeras de vídeo integrados e dotados de algoritmos com analytics para a detecção facial e alerta à polícia, auxiliando na segurança das pessoas em locais remotos.

 

Resumindo, IoT apresenta potencial para ser utilizada em questões como: Monitoramento Ambiental; Gestão de Infraestrutura; Produção Industrial; Controle de Gastos e Produção de Energia; Sistemas Médicos e de Cuidados com a Saúde; Automação e Construção Civil; Sistemas de Transporte e Logística; Desenvolvimentos de Cidades em larga escala; Produção e Automação Agrícola, entre muitos outros.

Até 2020 serão 50 bilhões de dispositivos no mundo, conectados à Internet das Coisas. Suas possibilidades são inúmeras, ela irá transformar nossa relação com a tecnologia, mudar o modo como interagimos com o mundo, e até o modo como o mundo interage conosco.

Se você pensa que essas tecnologias estão longe de acontecer e que são muito futuristas, relembre e compare as tecnologias que existiam há dez anos com as que temos hoje. Se pensássemos nisto naquela época, as tecnologias de hoje seriam futuristas, não é mesmo? Esses produtos e tecnologias já podem estar mais próximos do que você imagina.

Pense nos smartphones e nas smart TVs, que são os dois aparelhos mais comuns no nosso dia-a-dia. Agora imagine as possibilidades que os outros eletrodomésticos e objetos presentes em nossa casa e nosso trabalho apresentariam, se também fossem smart. Você não imaginava que um celular e uma TV pudessem fazer tudo o que fazem hoje há alguns anos atrás.

Algumas questões como interconectar sistemas que tomam decisões independentes e as comunicam aos demais não é nada novo, principalmente para quem conhece logística ou o grande varejo. Automatização de processos, controle de estoques, de vendas e pedidos já acontecem há décadas. Um exemplo é uma caixa registradora que no momento em que registra a venda dá baixa no estoque, o qual detecta escassez de um item e faz o pedido ao fornecedor, que por sua vez entrega na data necessária e o produto é recebido outra vez pelo estoque, sem que ninguém coloque a mão.

As novidades estão na capacidade de utilização de algoritmos de inteligência artificial e descoberta de conhecimento cada vez mais robustos e poderosos, que antes tinham sua implementação dificultada devido à falta de poder computacional, e no fato de que esse tipo de processo inteligente veio para dentro das nossas casas, carros, empresas, no agronegócio e nas cidades, e está acontecendo em um nível muito além do imaginado a poucos anos atrás.

Com o crescente número de dispositivos inteligentes ao nosso redor recebendo e enviando dados, haverá um grande volume de informações trafegando e sendo armazenada, gerando o famoso Big Data, e para fazer sentido toda esta coleta e transmissão de dados, o uso de ferramentas poderosas de ciência de dados e analytics tem papel fundamental.

IoT no Brasil: O Brasil precisa estar preparado para o desenvolvimento e a utilização de sistemas de IoT. Para isso, as empresas e os profissionais de

engenharia e TI envolvidos necessitam se capacitar cada vez mais, participando dos diferentes fóruns internacionais em que se discute a padronização desta tecnologia. Já em nível governamental, necessitamos do desenvolvimento de uma Agenda Estratégica de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação associada a um Programa de Trabalho que direcione os investimentos das empresas e das agências de fomento para atender às grandes demandas nacionais.

Como iniciativa nacional, foi criado em 2011 o Fórum Brasileiro de Internet das Coisas com objetivo de promover o desenvolvimento técnico e econômico do país acerca da IoT. É por meio da participação em organismos internacionais e da promoção de eventos nacionais e internacionais no Brasil que realiza o intercâmbio de conhecimentos, buscando aproximar empresários, profissionais, entidades de classe, universidades e órgãos governamentais em torno da IoT. O Fórum foi originado de ações coordenadas por um grupo de pessoas atuantes no mercado de TI, computação e engenharia com larga experiência em indústrias, mercado, associações setoriais, governo, universidades e mídia.

 

 

Existem ainda diversos grupos de pesquisa relacionados à IoT situados nas nossas instituições tradicionais de ensino e pesquisa como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

É importante lembrar que qualquer atividade técnica relacionada à Engenharia deve ser desempenhada por profissional, ou empresa, registrados no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), com emissão da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e o preenchimento do Livro de Ordem.

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